Esta história, “esqueci” de
contar...
Mas, tudo tem um por que: 2013
foi um ano atípico; começou com mudança de casa, cidade, teve um volume de
trabalho significativo e, apareceram algumas pendências para acertar.
Resumindo, não era ano para se
pensar em comprar outra moto clássica.
O problema, é que já virou habito
(vício), estar sempre com algum negócio ou possibilidade de negócio -engatilhado- e como tudo na vida, uma hora, a coisa flui.
Como não podia comprar nenhuma moto,
meu cérebro achou logo uma maneira de atender meus anseios: uma troca.
E foi assim que aconteceu, depois
de muita conversa, levei minha CB 400 1981 até Sertãozinho-SP, paguei a
diferença e trouxe de lá uma CB 500 Four 1975 dourada, que já há algum tempo
jazia sem funcionar por conta de um problema no platinado.
Apesar de estar, no “túmulo” da
inércia, a 500 Four se apresentava, até que muito bem. Tinha as peças em sua
maioria originais, algumas até dificílimas de serem preservadas como lentes de
lanterna farol e pisca, todas Stanley; porta documentos sob o banco, trava de
guidão. Além dos relógios, “igrejinha” de painel, banco, pára-lamas, punhos de
luz e comandos, tampa do tanque, tanque original apesar da pintura já ter sido
refeita, inclusive nas laterais.
Tinha também os emblemas,
cavalete central, hastes de pisca e suportes de lanterna, selos de fábrica,
todos originais. Faltava mesmo, a princípio uma boa polida na pintura e nos
cromados que tinham perdido a vida e o brilho.
Depois de muito calor, num dia
escaldante em que efetivamos a troca, eu e o amigo Beto, trouxemos a 500 Four
para terras Mineiras, seguindo direto para a oficina.
Aí começou aquela fase onde a
paciência é “condictio sine qua non”
para quem não quer enfartar num processo de restauração ou, ressurreição, como nesse
caso.
Bom, inicialmente, foram trocadas
velas, óleo e filtros. Foram retirados os carburadores para substituição de
reparos, e limpeza. Aqui, cabe uma ressalva, esses carburadores, serão
posteriormente substituídos, pois em algum momento na vida da moto, um mecânico
“deu fim” nos originais e instalou (adaptou) carburadores da CBX 750F.
Esteticamente, ficou até bonito,
as “tampas” foram cromadas e o aspecto geral é muito bom, todavia, não são os
originais.
Comprei nos EUA a mesa e o
platinado que demorou 45 dias para chegar por aqui.
Nesses 45 dias entre a compra o
envio e a entrega a moto permaneceu num canto da oficina, meio abandonada e
algumas vezes, passei por lá, questionando comigo mesmo o tempo que o processo
todo levaria e se teria um final feliz.
Nesse intervalo, onde nenhum
serviço era realizado e, minha ansiedade só aumentava, acabei comprando algumas
–perfumarias- para a moto. A que mais gostei foi o Manual do Proprietário
original em inglês contento em anexo o esquema elétrico da motocicleta.
E, para diminuir a ansiedade
acabei fazendo “arte”:
(Propaganda de época)
(Moldura com: Relógio CB 500 Four e Manual do Proprietário)
Quando a mesa e platinado
chegaram, uma falsa sensação de que tudo acabaria rapidamente se instalou. Ledo
engano.
Fazê-la funcionar foi
relativamente fácil, levou 10 “pedaladas” e os quatro cilindros ressuscitaram
meio desconcertados, mas, já fora dos
braços da morte. Veja o vídeo em: https://www.youtube.com/watch?v=ftSrlfb-qRk
Logo depois, não havia santo que
fizesse a carburação se tornar estável! As bengalas da suspensão estavam
riscadas, vazando; a parte elétrica, uma novela: mexicana!
Troquei a bateria que havia
“falecido” já há muito. Uma tampa de válvula apareceu quebrada, faltando um
pedaço na verdade. Foi uma verdadeira garimpagem encontrar e comprar uma das 8
tampas de válvulas da CB 500 Four 75 mas, aqui aprendi outra lição:
Paguei uma pequena fortuna pela
mísera pecinha que tinha embutido em seu preço a justificativa de ser uma peça
para uma moto importada dos anos 70, o que de fato a 500 Four o era.
A lição foi a seguinte, descobri
pesquisando na internet, que a tampa de válvula da Honda Biz 125, é exatamente
a mesma tampa, e custa a bagatela de R$ 6,00 !
É duro, mas válido aprender pela inexperiência!
Depois disso, passei a ficar mais
atento com as peças ditas – intercambiáveis – ou seja, peças de outras motos
que servem para a moto em questão, e não alteram de forma alguma a sua
originalidade.
Facilmente, com relação a 500
Four, achei outras peças intercambiáveis, que quero dividir com você no intuito
de prevenir situação semelhante a que vivi, são elas:
PEÇAS
|
CORRESPONDENTES – INTERCAMBIÁVEIS
|
AUTOMATICO DE PARTIDA
|
CBX 150 AERO
|
REGULADOR DE VOLTAGEM
|
CB 400
|
CAIXA DE DIREÇÃO
|
CB 400
|
BOBINA DE IGNIÇÃO
|
CB 750 FOUR
|
OLEO PARA BENGALAS DA SUSPENSÃO
|
Óleo ATF 160 ml (para cambio automático)
|
BOBINAS DE IGNIÇÃO
|
750 Four
|
PISTÕES E ANÉIS
|
CG 125 nacional
até 1982
|
(Você pode contribuir, indicando peças correspondentes para qualquer moto, nos comentários)
Depois de realizado o
procedimento básico de ressurreição, trouxe a moto pra casa, mas, no intuito
consciente de “matar vontade”, sabendo que ainda faltava muito para que ela
voltasse a ser confiável, como quando nova.
Todavia, estranhamente, com o uso
que comecei a fazer, a 500 Four estabilizou e porque não dizer, melhorou. A
carburação se acertou, não completamente, mas, uns 80%, se fosse possível medir
num percentual. A moto ficou gostosa de usar e mostrou toda sua maleabilidade,
conforto, bom motor e praticidade para se usar no dia a dia.
Melhorou de tal forma que em
dezembro, fui convidado a ir ao Encontro Anual no Museu do Dodge do amigo
Alexandre Badolato e resolvi ir com a esposa e a 500 Four. Rodamos mais de 350
km sem problemas que não fossem umas “engasgadas” pelo caminho, coisa normal.
Depois dessa viagem, troquei o
fusível central que queimou, as lâmpadas do painel e lanterna, e o pneu
traseiro. Também, providenciei o polimento do tanque e laterais, e das partes
cromadas. Deu vida nova às peças.
Fui a São Paulo com um amigo
(Veja texto anterior) e trouxe os adesivos de advertência do tanque, quadro,
bateria, trava de capacete, para lama traseiro, cobre corrente e, os instalei
como indica o manual.
Agora, março de 2014, é
chegada a hora de terminar o trabalho e a moto será novamente internada para
finalização. Serão feitos novos ajustes, troca da junta do cabeçote que começou
a vazar, dos raios das rodas, pintura dos punhos de comandos que estão pintados
de prata polyester, mas são originalmente pretos e, o cromo de algumas peças, bem
como a substituição do reparo da torneira de combustível, troca de óleo das
bengalas e acerto da parte elétrica.
Consegui também um jogo de
carburadores originais, mas, vou parcelar a compra e, portanto instalá-los um
pouco mais a frente.
Ah, dois detalhes: a moto veio com uma chave de pisca alerta no guidão,
que a principio tive a certeza de que fora uma adaptação provavelmente oriunda
da CB 400 que vem originalmente com a tal chave. Semana passada, pesquisando
sobre os punhos de comando para a pintura descobri no Part List da 500 Four a foto abaixo:
O Pisca alerta era um acessório
de época, já em 1975. Então, vamos restaurá-lo e usá-lo.
O segundo detalhes é o seguinte: como muitos sabem, as motos Honda naquela época, depois de produzidas, permaneciam por vezes, na fábrica e quando chegavam ao Brasil, recebiam no documento não o ano de fabricação mas sim, o de chegada.
Porque digo isso ? Fiz uma consulta ao Ricardo Pupo (www.motosclassicas70.com.br) que pelo número de chassi, descobriu e me respondeu: " Marcio, pelo chassi ela é uma 500 Four K1 de 1973" !!
Então, a "500tinha", ficou guardada de 73 até chegar em terras brasileiras em 1975.
Espero em breve, ter novidades
quanto aos updates propostos para CB
500 Four, douradinha.
Abraços,
Márcio Pires